Este amigo, o Eric, e eu estávamos no mesmo trilho de frente um para o outro. O Eroc e eu conhecemo-nos desde os 4 anos de idade. Nas semanas antes do acidente, o Eric provocava-me constantemente, ou assim parecia. Ele dizia aos outros como eu tinha medo de confrontos.

Nesse final de tarde, por alguma razão desconhecida, decidi manter-me no trilho e não me desviar. Este era um comportamento diferente daquele que eu normalmente teria, e o Eric ficou bastante surpreendido. Lembro-me da expressão na sua face quando colidimos um com o outro de frente. Olhamso de relance pelo lado esquerdo das nossas motas. A parte de trás da minha mota elevou-se e eu levei um coice como se estivesse num rodeo.

Foi quando eu estava em pleno ar que a experiência espiritual ocorreu. Lembro-me de flashes de partes da minha vida até aquele ponto, uma luz brilhante numa direcção, começar a ser atraído nessa direcção, ser-me feito um questionário acerca de que forma simbólica religiosa eu queria que a presença se manifestasse, umas poucas opções, então a minha imagem de Jesus Cristo, num manto azul, apareceu. Eu parecia muito, muito pequeno e foi-me perguntado como é que eu queria que esta situação se resolvesse. Eu decidi continuar com a minha vida, e ficou acordado que eu iria fazer um mortal para a frente para um colchão. O colchão foi colocado à minha frente no chão. A imagem de Jesus e da forte luz por detrás desvaneceram-se. À medida que encolhia, o mundo físico voltou a entrar em foco.

Aterrei abruptamente de costas, bati fortemente e ressaltei para o ar ainda rodando, e depois derrapei no chão com a minha cara. Isso terminou o que eu considero a confrontação religiosa. Era como se o tempo tivesse parado e eu tivesse esta experiência.

Após ficar no chão, tive uma experiência fora do corpo, onde eu estava no ar e a mover-me. Lembro-me de ver o meu vizinho no parque. A Marcia estava a cerca de 60 metros do ponto de contacto, mas nesta experiência eu sabia que ela estava lá, movi-me na sua direcção, mas não fiquei mais perto do que 20 metros. Ela parecia não estar consciente da minha presença, mas também parecia estar parada. As folhas nas árvores também pareciam mover-se lentamente, como a brisa que soprava.

Voltei a mim quando um amigo que estava na corrida de carros estava sobre mim, com o seu capacete a abanar-me vigorosamente. O Eric estava na parte de trás da mota de outra pessoa e quase a chegar a casa pela altura em que me levantei. As minhas pernas bamboleavam, mas consegui fazê-las moverem-se e andarem, mas não virar.

Dias mais tarde, perguntei à Márcia acerca de estar lá, e ela confirmou que estava e ficou bastante surpreendida por eu saber onde ela estava, e não quis falar acerca disso. Este era uma espécie de local secreto no parque, era num local baixo, onde ocasionalmente nós fumávamos cigarros. Não me lembro do que ela estava a fazer, mas lembro-me que ela estava muito bonita.

Os meu dente ficou solto após o acidente, e a parte inferior das minhas costas doeu por dias. O meu pai decidiu que não era necessário ir a um médico, porque eue podia andar e mover-me. Ele avaliou o meu dente solto, e decidiu que estva bom. O pai era dentista. Cerca de 18 meses mais tarde, num raio-x. ele descobriu que a raiz do dente solto estava morta, e ficou surpreendido pela lesão ter sido tão traumática. Vinte e seis anos mais tarde um quiroprático fez-me um raio-x da parte inferior das minhas costas. Ele descobriu que a minha vertebra inferior é quase 0,5 cm maior num lado do que no outro. Esta é a razão pela qual ocasionalmente eu tenho espasmos dos músculos da parte inferior das minhas costas, os músculos trabalham muito para compensar o desfazamento de peso devido à curvatura. 

Fez uso de medicamentos ou substâncias com potencial para afetar a experiência    Não      

Foi difícil  expressar em palavras o tipo de experiência?  Não     

Havia alguma ocorrência de  risco de vida associada na época da experiência?  Sim      Um amigo próximo e eu colidimos nas nossas motas.

Em qual momento, durante a experiência, você estava em seu maior nível de consciência e vigilância?  Durante o contacto espiritual, eu estava inconsciente da minha presença física, consumido inteiramente pela admiração e pela presença de um ser divino.

A experiência assemelhou-se, de alguma forma, a um sonho?  Apenas como um sonho, o tempo e o espaço pareciam distorcidos.

Vivenciou uma separação corpo-mente?        Sim      A aparência era idêntica ao meu corpo em todos os sentidos, excepto que parecia algo translúcido.

Que emoções sentiu durante a experiência?  Raiva, dureza, alegria, amor, entusiasmo e curiosidade.

Ouviu sons ou ruídos incomuns?  Não havia sons incomuns, de facto era muito sossegado, e a minha conversa parecia ter ocorrido com telepatia, não movendo a boca.

Entrou ou atravessou algum túnel ou compartimento fechado?     Impreciso    Houve um tempo breve em que fui guiado em direcção a uma luz, e eu atendi à sugestão.

Você viu uma luz?  Sim      A luz rapidamente tornou-se brilhante, e era tão grande que me retirou a capacidade de ver o resto do mundo físico à minha volta.

Encontrou ou viu outros seres?  Sim      Havia um inquérito acerca de que forma religiosa o comunicador divino deveria tomar. A minha resposta foi Jesus Cristo, e uma parte da luz transformou-se na imagem que me deixou confortável.

Você reviu acontecimentos passados de sua vida?     Impreciso    Aprendi que vimos todos da mesma força de vida, e que somos muito parecidos uns aos outros. Que se as pessoas conseguirem descobrir e comunicar as suas semelhanças, a paz virá.

Durante a sua experiência, observou ou ouviu qualquer coisa associada a pessoas ou eventos que foi posteriormente verificada?    Sim      Vi a minha vizinha Marcia no parquet. Desde o local da colisão, teria sido muito dificil, senão mesmo impossivel vê-la.

Viu ou visitou belos ou especiais lugares, níveis ou dimensões?     Impreciso    Era mais como se o local viesse ter comigo do que eu ir até lá.

Você sentiu uma alteração de espaço e tempo?    Sim      O tempo parecia abrandar, então quase parou de todo, enquanto ocorria a parte da experiência religiosa.

Teve a sensação de possuir um conhecimento especial, de ordem e/ou objetivo universal?    Sim      Aprendi que o ódio, raiva, e o engano são insignificantes. O amor, carinho e a compaixão pelos homens e por tudo o que há, é tudo o que importa.

Alcançou um limite ou uma estrutura física limitante?    Não     

Tomou conhecimento de eventos futuros?   Sim      O acontecimento futuro foi que me iria ser permitido viver.

Participou ou teve consciência de uma decisão de retornar ao corpo?        Sim      Foi decidido que eu era jovem e ainda tinha uma longa e significativa vida pela frente. Que os problemas na altura, como a ausência de uma mãe, e um pai que exigia que eu fosse muito maduro numa idade tão jivem, não eram tão problemáticos como eu os estava a ver.

Passou a ter quaisquer dons psíquicos, para-normais ou outros especiais a seguir à experiência que não tinha antes?     Impreciso    Descobri que por vezes posso comunicar com as pessoas através de terminar as suas frases, ou resumir os seus sentimentos em poucas palavras. Também me sinto conectado com alguns estranhos, alguns dos quais se tornaram mais tarde amigos, e que alguns desses amigos são capazes de comunicar ideias subtis a grandes distâncias sem eu falar fisicamente com eles ou vê-los durante longos periodos de tempo. Também descobri que com algumas pessoas posso encenar os seus pensamentos e sentimentos, e ver como eles conseguem chegar a uma conclusão. Isto também facilita tornar-me um “advogado do diabo”, como se diz, porque as falhas no seu raciocinio tornam-se evidentes.

Suas atitudes e crenças foram alteradas após a experiência?    Sim      A vida merece ser vivida, não importa o quê. Amanhã é sempre outro dia, e no final todos estamos neste planeta por um curto periodo de tempo. Afectou a escolha da minha carreira no facto de me sentir compelido a ajudar as pessoas que encontro. Nas relações, fez-me perceber que todos temos semelhanças, e que na realidade somos todos muito parecidos. Na prática religiosa, vim a entender que os rituais ajudam algumas pessoas, mas há muitos anos que deixaram de ter significado para mim. Nas relações pessoais ensinou-me a ser sempre honesto e verdadeiro, e a mais tarde descobrir uma companheira que acredita fortemente na paz humana.

Você compartilhou esta experiência com outras pessoas?    Sim      Na minha infância, alguns amigos gozavam comigo, e alguns outros pareciam admirados com a minha capacidade de descrever a situação com detalhes precisos.

Que emoções vivenciou após a sua experiência?  O amor e o carinho pela humanidade.

O que foi o melhor e o pior em sua experiência?  A melhor parte foi a oportunidade de testemunhar uma presença divina. A pior parte foi o sofrimento do meu amigo Eric. O seu pé ficou danificado na colisão e ele passou por várias intervenções cirúrgicas.

Há algo mais que desejaria acrescentar referente à experiência?  Agora, cerca de 26 anos mais tarde, gostava de lembrar e honrar anualmente o acontecimento.

A sua vida mudou especificamente por conta da sua experiência?    Sim      Decidi escolher música em vez do que tantos dos meus amigos vizinhos estavam a fazer: comportamentos violentos e disruptivos, arruaceiros.

Após a experiência, surgiram outros eventos em sua vida ou fez uso de medicamentos ou substâncias que reproduziram alguma parte de sua experiência?    Sim      Tive outras experiências fora do corpo, normalmente ocorrem num estado muito relaxado.

Existem outras questões poderíamos pedir para ajudá-lo a comunicar a sua experiência?    Sim      Sinto que expliquei o acidente com a melhor das minhas capacidades numa só sessão.

Existem outras questões poderíamos pedir para ajudá-lo a comunicar a sua experiência?     Este é uma espécie de continuação da experiência fora do corpo da última noite.