Nós, na Índia, com nossas ancestrais tradições filosóficas de mais de sete mil anos, e experiências de milhares de santos e sábios, acreditamos na filosofia holística da vida.

Nenhum experimento conduzido com base em “Critérios médios de experiência ” ou estudos objectivos da mente pode explicar a função da consciência. A experiência de cada ser será diferente da mesma forma como duas impressões digitais não se repetem.

A EQM de uma alma desenvolvida será transcendental. É como o salto de um quantum. Enquanto as experiências de muitas pessoas comuns podem ser atribuídas a stress e factores emocionais. No domínio da consciência, introduzimo-nos no campo da quântica onde a moderna ciência não dispõe de orientações.

Eu também era céptico quanto a experiências transcendentais até vivenciar uma EQM em 1969. Após sofrer um ataque de disenteria aguda, acompanhada de perda de sangue, cheguei próximo do fim.

Subitamente, deixei o meu corpo e do teto pude contemplar abaixo o meu corpo. Naquele estado, podia ter imediata percepção de qualquer coisa que eu pensasse. Pensei em minha mãe.

Eu podia vê-la a correr confusa em uma plataforma para tomar um trem.

Mais tarde, quando felizmente recuperei-me, o fato foi corroborado; naquele preciso momento ela estava a correr em uma plataforma, distante centenas de quilómetros, para apanhar um trem e vir ter ao meu encontro, em razão do recebimento do telegrama sobre a minha crítica condição.

Qualquer EQM que possa ser constatada como verdadeira diante da realidade objectiva é surpreendente! Como pode a mente viajar através do espaço e do tempo? A mente é realidade transcendental. Uma entidade quântica. A ciência não alcançou ainda um estágio de compreensão disto.

Tal como Shakespeare exprimiu: “ Há verdades jamais sonhadas debaixo do céu!”

Detalhes.

O incidente ocorreu de fato em setembro de 1969. Como uma EQM é, contudo, uma experiência marcante, permaneceu gravada profundamente em minha memória. Posso relembrar até mesmo os seus mínimos detalhes instantaneamente, mais de três décadas passadas.

Naquela altura, tinha trinta e sete anos, era um jovem robusto. Era um agnóstico, um céptico quanto a qualquer religião ou a qualquer coisa que não pudesse ser denominada de estritamente científica.

A minha família acabara de se mudar para uma pequena cidade chamada Eluru em Andhrapradesh, Índia. Devido às condições anti-higiénicas do local, tive um sério surto de disenteria. Evitando automedicação, coloquei-me aos cuidados de meu amigo no Hospital Geral.

Apesar de um período de tratamento vigoroso com antibióticos, a disenteria não regrediu. Perdi grande quantidade de sangue. Acrescentou-se a isso, o desenvolvimento de uma febre séria. Após alguns dias, a minha condição deteriorou-se rapidamente. O pulso passou a ficar fraco, quase imperceptível.

No terceiro dia da lua cheia à meia-noite, o médico foi intimado, já que a minha condição depressa se deteriorava e eu entrava em colapso. Enquanto ele auscultava os meus batimentos cardíacos, eu repentinamente deixei o corpo. Do teto, eu olhava o meu próprio corpo!

A visibilidade era fraca como se uma espessa nuvem de fumaça me separasse do entorno. A intensa dor que experimentara pouco antes de deixar o corpo tinha desaparecido. Eu estava calmo e recomposto.

Subitamente percebi que estava morto! Meu Deus! Eu havia trazido meus filhos pequenos e família e os tinha deixado em um lugar estranho sem qualquer protecção financeira ou de qualquer outro tipo! A visibilidade não era boa. Tudo estava enevoado. Mas era como se eu pudesse ver sem visão, ouvir sem som. Eu estava em outra Dimensão da Existência. Eu podia ouvir os lamentos das mulheres abaixo e a conversa abafada. Um pensamento tornou-se proeminente. Como a vida é absurda! Na manhã seguinte o corpo seria cremado. Nisto resume-se a vida? Que desfecho sem sentido para uma cadeia de maravilhas ilimitadas e de potenciais oportunidades. Como uma bolha que flutua no mar.

E então, o que é a morte? Uma entrada para outra dimensão? Eu permanecia pensando calmamente e objectivamente enquanto a minha mente e o meu corpo jaziam abaixo! Como se não fosse eu a pessoa atingida pela morte. A evolução dota a matéria de mais e mais altos níveis de consciência e a morte parece agarrá-la.

Enquanto permanecia meditando, percebi uma presença. Em uma comunicação não-verbal ELE informou-me que eu poderia voltar ao meu corpo se assim o desejasse. Mas nenhum tempo poderia ser desperdiçado. Contudo, naquele momento crítico supliquei por uma resposta para o enigma da vida visto que esse pensamento se apoderara de mim! Havia uma bela visão das estrelas estrondosamente passando por mim. No centro de todo aquele tumulto havia uma luz resplandecente. Cada estrela parecia ser um diminuto centro de consciência que mergulhava e emergia daquela consciência central segundo o desejo daquela Vontade cósmica que brilhava como um enorme sol!

A visão desvaneceu-se e eu notei que o médico olhava-me com uma expressão de assombro. Eu sorri debilmente e disse-lhe que estava bem.

Naquele estado extracorporal podia preencher todos os meus desejos como se fosse Omnipotente e Omnisciente! Pensei em minha mãe e podia vê-la a correr freneticamente sobre a plataforma em uma estação ferroviária a centenas de milhas distante! Quando retornei a meu corpo, a infecção virulenta havia desaparecido e pude recuperar-me em poucos dias. Minha mãe depois confirmou que, de facto, estava a correr confusa em meio à estação ferroviária de Vijayavada, indagando sobre um trem que partisse para Eluru após ter recebido o telegrama sobre o meu estado crítico. Uma EQM não pode ser explicada em termos objectivos normais. Sofri uma modificação positiva de personalidade. Toda a minha arrogância desapareceu.

NT: mantida a grafia portuguesa de Portugal