Há alguns anos atrás, eu estava no Lago Chelan, no estado de Washington. Estava a cerca de 4,5m abaixo da superficie quando fui cortado por um prego ou algo afiado que causou que eu arfasse. Quando o fiz, a água jorrou para dentro da minha boca e do meu corpo. Eu digo jorrou, porque não havia entrada suave era mais como combustivel a ser bombeado para um carro.

Após uns momentos eu apaguei. O que me lembro de seguida foi de estar a ver uma espécie de filme da minha vida. Não uma história de toda a vida como algumas pessoas experienciam, mas apenas algumas felizes e grandes memórias de infância. Não sei quanto tempo isto durou, mas após isto eu estava num túnel e fora do meu corpo. Percebi que o meu corpo estava atrás de mim mas eu estava com medo de me voltar e olhar. Então, sendo eu de uma natureza muito analitica, comecei a ter interesse no próprio túnel. Havia uma vasta gama de cores – não brilhantes como as cores psicadélicas mas antes suaves e de tons pastel. Elas rodopiavam com todo o túnel. De uma forma como as cores se movem num caleidoscópio.

Consigo lembrar-me vividamente de estar extremamente consciente e de me mover cada vez mais para dentro deste túnel, e de estar plenamente consciente de ter todas as sensações normais de ter um corpo mas não ser capaz de o ver. Por exemplo, eu podia mover os meus dedos e todas as sensações estavam lá sem uma forma física para as identificar.

Nunca vi uma luz brilhante perante mim nem qualquer figura divina ou alguém. Apenas continuei cada vez mais profundamente no túnel e estava a desfrutar imensamente disso. Então, num momento inesperado, o pensamento de que estava a morrer ocorreu-me. Praguejei algumas palavras e disse, de facto – para o inferno com isto. Neste preciso momento, estava de volta ao meu corpo, consciente e alerta.

Agora, aqui é onde eu acredito que a história se torna interessante. Soube mais tarde que estive debaixo de água por uns bons 5 a 6 minutos. Lembro-lhes que tinha engolido uma grande quantidade de água antes de desmaiar. Bem, eu recuperei de forma perfeita. Sentei-me no fundo como um nadador e mergulhador experiente, olhando para a luz do sol para assim eu saber que direcção era para cima. Encontrei-a, e nadei até à superficie e para a doca onde me icei sem qualquer sinal de que quase me tinha afogado. Eu estava em plena forma, sentindo-me tão bem e saudável como antes desta EQM ter ocorrido. Esta recuperação é, muito francamente, mais curiosa para mim do que a experiência do túnel, pois parece-me que os meus pulmões deveriam estar cheios ou talvez eu devesse estar fraco ou algo assim, mas foi simplesmente como se eu tivesse ido dar umas braçadas e nada mais. Na realidade, caminhei de volta ao local onde estava alojado, tomei um duche, vesti-me e fui trabalhar. Não pensei mais acerca do incidente até alguns anos mais tarde quando pessoas começaram a reportar EQMs e a minha esposa leu-me alguns relatos e eu disse, “Hey, isso foi o que me aconteceu.”

Há mais uma coisa que podem achar interessante: há cerca de 5 anos atrás eu estava no hospital e os médicos estavam a dar-me um poderoso analgésico já há semanas. Então tiraram-mo e isto levou-me a ter alucinações.

Eis o que eu acho importante partilhar acerca disto: posso dizer-vos que tive uma EQM e que tive alucinações e que elas NÃO SÃO ABSOLUTAMENTE A MESMA COISA. Quando se tem alucinações há sempre aquela experiência de ser um observador. Isto acontece mesmo que a própria pessoa esteja na alucinação. Isto não quer dizer que alguém de tempos a tempos tenha uma alucinação e assuma que esta seja uma experiência real, mas mesmo nisto, a experiência não é nada como uma EQM.

Aqui está a diferença explicada: Uma pessoa tem consciência durante uma EQM, não menos da que está a ter enquanto está a ler estas palavras. Isto é, está consciente que está a ler, consciente da sala em que está e consciente do que está fora da sala. Isto não é como se experiencia uma alucinação – uma alucinação parece ser uma experiência total mas há uma falta de consciência (real) de tudo fora da própria experiência. Isto é, uma pessoa está realmente a ver e a sentir as circunstâncias em que está durante a alucinação e estas imagens são absolutamnete reais para ela. Se está a ser perseguida por um tigre, tem todas as sensações de medo, de correr e por aí adiante. Mas não consegue projectar os seus pensamentos para a sala seguinte ou para fora da moldura, por assim dizer. Numa EQM pode.

Espero que isto tenha sido do vosso interesse, mesmo que eu imagine que tenham lido “camiões cheios” de histórias como esta. Ainda assim, pediram histórias para serem partilhadas e esta foi a minha.

Obrigado,

Jack