EQM de Joann M
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Descrição da Experiência:
Envio duas versões – a primeira é o que saiu de uma entrevista. A segunda é uma
que eu comecei a escrever uns anos mais tarde – não está completamente acabada e
tem alguns buracos mas transmite o essencial da história.
A PRIMEIRA VERSÃO:
Eu estava em casa, dobrando a roupa lavada, não me sentindo muito bem, quando os
meus brônquios começaram a apertar-se e eu sabia que estava em sarilhos. Inalei
com o meu inalador habitual, mas não funcionou. O meu último recurso, que eu
nunca antes tinha usado, era uma Epi-Pen, uma injecção de epinefrina – uma
hormona algumas vezes chamada de “adrenalina”. Isso também não funcionou, por
isso telefonei ao meu pai que vivia a poucos blocos de distância e disse-lhe que
precisava de ir para o hospital. Antes da sua chegada, lembro-me de andar para a
frente e para trás no meu apartamento, como um animal enjaulado. Quando ele
chegou, eu insisti para que fossemos lá para fora enquanto esperávamos por um
amigo para nos conduzir.
Lembro-me de descer os primeiros cinco degraus até ao carro, e foi tudo.
Colapsei na rua. Uma vez que era um final de tarde quente em setembro, os
vizinhos estavam cá fora e viram-me cair. Enquanto as pessoas corriam para me
retirar do cruzamento (por alguma razão eu tinha arrastado o meu pai até ao meio
da rua!), alguém ligou para o 911. Os paramédicos chegaram e trabalharam em mim
na rua, aproximadamente quarenta e cinco minutos. Uma vez que eu era “um peso
morto”, eu não fui movida até eles chegarem e conseguirem colocar uma maca por
baixo de mim.
Pelo que me foi dito, eles verificaram se eu tinha tomado drogas, tiraram sangue
para uma rápida análise, e intubaram-me imediatamente. Eu respirava de forma
errática, e as minhas pupilas estavam fixas. Quando eles sentiram que eu estava
estabilizada para ser movida, fui colocada na ambulância para transporte. Foi
então que o meu coração parou pela primeira vez. Tinhamos apenas chegado à
esquina da minha rua. Uma vez que o meu pai estava com o condutor, ele podia
ouvir os monitores a apitarem e com isso, o condutor praguejou, ligou as sirenes
murmurando “estamos a perdê-la”. O meu pai nunca mais me viu. Duas vezes mais, o
meu coração parou brevemente enquanto estava na sala de emergência. Da última
vez, quando eu acho que o meu espirito se juntou ao meu corpo, saltei da
marquesa e num movimento fluido, esmurrei uma enfermeira no queixo. Foram
necessárias quatro pessoas da equipa para lutarem comigo, para me deitarem na
marquesa e me administrarem uma injecção de algo para me acalmar. Eles pensavam
que eu ia alcançar o tubo de ventilação.
É muito dificil de explicar o que me aconteceu durante este tempo, porque foi
como um sonho, um belo sonho que eu nunca tinha sonhado antes. Onde começou, eu
não sei.
Movi-me através de um escuro, e aveludado túnel, uma cor preta que eu nunca
havia visto nem consigo descrever, em direcção a um ponto de luz muito distante.
Eu tinha guias espirituais que me deram o que eu chamo “uma viagem pelo
universo”, e essa foi uma sensação de vastidão do universo, de estar lá na sua
criação, de ser parte do universo desde o seu inicio, e eu era parte de tudo o
que estava a ocorrer, e de tudo o que iria ocorrer. Era como se eu não tivesse
sensação de mim própria, de que eu era tudo e tudo era eu, incluindo Deus. Foi
um sentimento muito tranquilizador e eu senti-me muito segura e protegida. Senti
amor incondicional, alegria e uma paz profunda. Não tinha qualquer sentido de
tempo linear e mesmo agora, por vezes tenho problemas em funcionar dentro de
parâmetros de “tempo”.
Foi-me dito tudo o que já tinha ocorrido e tudo o que iria ocorrer. Foram-me
dadas razões para “o que foi”, “o que é”, e “o que irá ser”. Por exemplo, foi-me
dito que parte da razão para as mudanças globais que estavam a ocorrer, no que
se refere ao tempo meteorológico, é que o planeta está a começar a voltar à sua
forma original, para desfazer o que o homem pensou ser correcto para o dominar.
Por exemplo, os rios estão a voltar aos seus leitos. Lembro-me de questionar
aqueles seres: porque é que isto ocorre, e aprendi que tem de ser. Também me foi
dito, como o reverso de uma moeda, que os humanos têm livre arbitrio e algumas
coisas que ocorrem são devido à escolha. Lembro-me de aprofundar muito a causa e
efeito e o yin e yang das coisas. Algumas delas eu não gostei e mesmo que para
mim, por vezes seja dificil compreender, entendo que acontece por causa das
escolhas. Isto era no reino do bom e do mau. Ouvi sons que nunca tinha ouvido, e
mesmo que nunca tenha visto uma forma humana, sabia que havia “vibrações” à
minha volta, guiando-me e ajudando-me.
Assim, enquanto flutuava, de repente parei. Eu não queria voltar ao meu corpo.
Encontrei uma forma, que eu sabia ser Deus, que me disse que era tempo de eu
agora voltar. Comecei a discutir com Deus, na minha forma pequena e desagradável
e Deus disse que eu precisava de voltar porque a minha missão ainda não estava
completa. Penso que este é o ponto na sala de emergência em que eu comecei a
saltar da marquesa e me tornei violenta. Até à altura não haviam sinais
neurológicos e eu não tinha respondido aos estimulos neurológico (picadas,
etc.).
Abri os meus olhos e à medida que a sala se tornava mais nitida, senti a
maravilha da minha viagem a ser atirada para trás de mim. À medida que me tornei
mais consciente, tornou-se menos realidade. A minha familia estava reunida e
apressou-se a vir até mim. Infelizmente, eu não conseguia falar (e naquela
altura também mover-me, pois eu estava presa). Não sabia porquê mas consegui que
me desamarrassem as mãos para poder escrever. Tinha de provar que não havia
perda de oxigénio, nenhum dano cerebral, assim quando a enfermeira chegou, eu
entreguei-lhe um papel com o meu nome, data de nascimento, morada, número de
segurança social, número de telefone do trabalho, nomes dos pais, sobrinhas e
sobrinhos, etc. Ela insistiu em perguntar-me mais coisas até eu escrever para
ela sair do quarto. Ela fê-lo.
Nessa altura entrou um médico e tentou dar-me outra injecção pois pensava que eu
me estava a tornar violenta novamente, mas eu assegurei-lhe que estava bem. Ele
saiu. Foi então que a minha irmã me disse o porquê de eu estar amarrada. Eu
ri-me. Escusado será dizer que eu estava muito desapontada pela leveza do outro
lado se ter desvanecido tão rapidamente após eu ter acordado. Após a minha
familia ter saido, tive uma visão de um tio que morreu nos anos 1960 a consuzir
uma motorizada, parecendo o James Dean, charmoso, a dizer-me, “miúda, ainda não
era o teu tempo”.
Semanas mais tarde, tinha ligado para IANDS (Associação Internacional para
estudo de Experiências Quase-Morte), em Seattle para ver o que era esta
experiência e se era real. A pessoa do outro lado ouviu atentamente, e depois de
eu parar, estava muito emocionada. Perguntei-lhe se ele me podia dizer qual a
minha missão pois essa foi a razão real do meu telefonema. Ele instrui-me para
eu pôr o telefone em espera, sentar-me e perguntar ao universo qual era
minha missão. Tenho de admitir que pensei que isto era absurdo mas fiz o
que ele disse. Voltei ao telefone e disse-lhe que tinha tido uma resposta
estranha, que eu não tinha amado muito. Perguntei-lhe, que raio poderia
significar isto?, não matei ninguém, sempre acreditei em Deus e em tudo isso,
nem sequer mato uma mosca. Sou apenas uma mulher normal, não pondo o
undo a arder, vivendo o dia-a-dia, fazendo o que tenho de fazer.
Penso que após eu ter tagarelado o suficiente, ele parou-me e deu-me os
parabéns, pois eu tinha uma experiência clássica de quase morte. Ele disse-me
que a missão é a razão pela qual a maior parte das pessoas são enviadas de
volta, e que poderia haver um zilião de interpretações para o que significava
não ter amado o suficiente. Tenho de descobrir isso por mim própria. Mas, ele
contou-me um segredo – que parte da missão seria dar a conhecer às pessoas que a
morte não deve ser temida e que a transição é gloriosa. Eu ir-me-ia encontrar em
situações onde o tópico iria surgir com pessoas completamente estranhas a mim e
nunca me iria sentir estranha.
Agora, o meu sentido de “Céu”, da vida após a morte, é o que nos acontece quando
escolhemos morrer. Podemos escolher existir num estado de amor incondicional, ou
não, e tudo vem de como nós nos perdoamos a nós próprios pelas asneiras que
fazemos na vida. Nós julgamo-nos totalmente a nós próprios. Sentimos a dor que
criamos durante a nossa vida, e tudo retorna para nós como criadores. Por vezes
as pessoas passam por isto durante as suas EQMs – uma revisão da vida passada –
mas eu fui poupada.
Desde essa altura tenho tido muitos, muitos encontros, alguns estranhos, outros
não. Encontrei anjos, tropecei em pessoas que me deram um empurrão no meu
caminho, tive problemas com campos electromagnéticos, fiz curto-circuito em
aparelhos, explodi lâmpadas, estive em três acidentes de automóveis (um era
novinho e transformou-se num limão!), tive visões de desastres incluindo
meteorológicos, de transportes, etc., sonhos mais lúcidos e um aumento da
consciência psiquica. As consequências foram demasiado numerosas para serem
mencionadas.
E a minha consciência da minha EQM é uma coisa em constante evolução. Posso ver
um programa na TV que despoleta mais uma memória da EQM. Foi-me dito que nem
toda a EQM seria manifestada, que se iria desenrolar à medida que eu
necessitasse, durante a minha vida. Não consigo imaginar que outras coisas
incriveis ocorreram. Já não pressa de chegar ao momento seguinte, e vivo no
momento que está a ocorrer. Tento não permitir que situações me afectem
negativamente, embora a maior parte do tempo, estando no mundo fisico, seja mais
fácil dizer do que fazer. Mas a minha resposta a estas situações
mudou e foi onde a profunda mudança ocorreu em mim. Não sou tão rápida a
julgar como antigamente, e deixo as pessoas serem o que são sem tentar mudar as
suas percepções para concordarem comigo. Percebo que elas estão a viver o seu
karma ao fazerem as suas escolhas, embora eu possa ver o resultado bom ou mau
para elas. Compreendo que é algo pelo qual têm de passar, aprendendo as lições
que necessitem. E dar um passo à frente se escolherem reconhecer a lição.
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A SEGUNDA VERSÃO:
Isto é algo que tenho prometido fazer há anos. Enquanto as minhas intenções eram
boas, não é a coisa mais fácil de reviver. Claro, é muito fácil de contar, mas
ter as palavras a olharem para ti e sentir a emoção associada a elas, bem, é um
pouco arrebatador. Quantas vezes eu liguei o computador, e por vezes até comecei
a gravar, mas nunca o acabei. Apenas ficava a observar e transportava-me para
trás no tempo, sentindo as comportas a abrirem e na quietude da palavra escrita,
reconectava-me com o meu pequeno pedaço de céu.
Realmente começou antes do acontecimento actual. Era o verão de 1994, e há algum
tempo que eu não me sentia muito bem.
Tinha sido um ano dificil para mim, estava a tentar equilibrar-me do meu
primeiro desaire financeiro por ter perdido o emprego. Essa experiência em si
foi um pesadelo mas definitivamente aprendi a minha lição. A erva
definitivamente não é mais verde no outro lado. Assim, com essa lição, tive um
emprego temporário com o meu anterior patrão. Consegui fazer alguns bons
contactos no departamento de recursos humanos e então o trabalho temporário
acabou, e foi precisamente três semanas antes de eu aterrar no que era na
altura, o trabalho perfeito. Lembro-me de começar numa altura onde provavelmente
estaria no inicio de uma pneumonia, mas eu não tinha seguro de saúde nem muito
dinheiro. Eu era demasiado orgulhosa para pedir ajuda. Consegui ficar “melhor”
mas durante o ano seguinte, mais ou menos, sentir-me-ia constantemente como se
tivesse sempre a começar uma gripe.
Tinha-me tornado numa workaholic, e sendo uma secretária, isso não era uma coisa
muito esperta. Mas eu precisava de algo para preencher o meu tempo. Tinha muitos
amigos – eu fazia parte de um grupo “in” no clube por isso nós saiamos muito e
dançávamos. Claro, faltava algo. O que era esse algo eu não sabia. Tinha feito
muita meditação introspectiva, mas sempre ficava com a sensação que não estava a
fazer alguma coisa bem. Tendo feito um programa em estudos holisticos, uns anos
antes, eu pensava realmente que era um dos inadaptados do planeta uma vez que eu
não conseguia encontrar o meu lugar. Todos os outros pareciam estar em algo e
pareciam progredir bem. Eu não.
Continuava a ler, pesquisar, e a continuava em branco.
Continuei confusa. Uma tarde de verão, no trabalho, de repente não consegui
respirar e senti como se fosse apagar. Consegui telefonar para outro escritório
mas infelizmente, a enfermeira com quem eu queria falar estava demasiado
ocupada. Desliguei o telefone e a sensação passou. Não dei importância, pois
pensei que era algo doido como um mal-estar momentâneo devido a sindrome de
edificio, devido à falta de ar frecso combinado com a minha sensibilidade a
fumos. O fim de semana do dia do Trabalhador de 1994 deu-me uma dica de que algo
estava errado. Estava na festa anual do bloco da minha familia, e estava a
sentir-me tonta. Tendo sido asmática toda a minha vida, eu vivi de inaladores.
Assim, inalei. À medida que o dia avançava e ficava mais quente comecei a perder
o meu gás. Consegui pôr uma boa cara e à medida que a tarde seguia, consegui
terminar o dia e fui para casa. Por esta altura, eu estava a ter dificuldades
respiratórias e decidi que iria contactar o meu médico quando voltasse ao
trabalho. Já tinha passado por isto antes e pensei que provavelmente estava
cansada juntamente com as alergias de inicio de outono e uma possivel gripe de
final de verão.
As semanas passaram sem acontecimentos. Claro, quando fui ao médico estava bem
assim o acontecimento tinha sido mesmo uma coisa de final de verão.
No dia 20 de setembro, tive um dia perfeitamente normal no trabalho. Estava a
sentir-me um pouco cansada e atribui-o à rigorosa caminhada que tinha feito na
noite anterior. Eu era profissional
em arranjar desculpas. Era um belo e ameno final de tarde de terça-feira,
e eu estava a preparar-me para fazer a minha coisa de terça-feira à
noite. Iria juntar a minha roupa suja para levar até à minha irmã, visitar as
minhas sobrinhas e o meu sobrinho bébé, e econtrar-me com o grupo no clube para
a nossa noite de dança em linha. Nunca iria chegar ao meu encontro de dança. Fui
até à minha irmã, lavei a minha roupa e brinquei com as crianças. Até levei a
Maggie, o cocker deles, para um passeio. Durante este tempo, comecei a ficar
contraida, por isso veio o meu inalador confiável. Ajudou mas não muito, por
isso decidi que iria faltar ao clube fumarento (embora não estivesse apinhado,
havia algumas chaminés fumadoras que conseguiam manter aquela nuvem a pairar).
Fui para casa e comecei a guardar a roupa lavada. Enquanto dobrava toalhas e
lençóis, comecei realmente a contrair-me. Tomei um comprimido juntamente com
mais algumas bombadas do inalador e esperei que fizesse efeito. À medida que os
momentos passavam comecei a sentir-me pior.
Liguei para o consultório do meu médico para lhes dizer que estava a ter
problemas e que iria até à sala de emergência para tratamento. Deixei uma
mensagem para o caso de ele telefonar com indicações. Então telefonei ao meu pai
para ele dizer ao seu amigo para me levar até à baixa da cidade. Enquanto
esperava por ele andar os poucos blocos, comecei a sentir-me pior e em pânico.
Uns meses antes o meu médico tinha-me dado uma Epi-Pen para o caso de eu estar
em sérios trabalhos. Eu caminhava como um leão enjaulado. Decidi usar a
injecção. Fiquei mais agitada e caminhava ainda mais. Por esta altura o meu pai
tinha chegado e eu insisti que esperássemos lá fora. Eram aproximadamente 8:35
pm.
Agarrei o seu braço e começámos a descer o primeiro lanço de degraus. Quando
chegámos ao final, comecei a perder a minha visão periférica. Durante todo esse
tempo, no entanto, eu ofegava e tagarelava. O resto da história física foi-me
contada pelo meu pai. Continuei a agarrar-me a ele enquanto desciamos o segundo
lanço de degraus. Quando chegámos ao passeio, ele disse que eu comecei a
cambalear e a puxá-lo para o meio da rua. Nessa altura, eu estava envolvida em
completa escuridão e pensei que estava a andar a energia armazenada.
Ele disse que eu o arrastei para a estrada e lá me fixei. Ele não me
conseguia arrastar de volta para a segurança do passeio.
De repente, ele sentiu o meu corpo a ficar mole e desmaiei na estrada enquanto
ele me apanhava. Ele tentou arrastar-me para fora de perigo mas eu era um peso
morto. Uma vez que era uma tarde amena e alguns dos vizinhos estavam sentados
nos seus pátios, eles testemunharam esta cena e ligaram para o 911. Gritando por
ajuda, alguns deles vieram ajudar o meu pai a retirar-me da rua. Eu não me
movia. Ele manteve a minha cabeça levantada e disse que eu estava ofegante e os
meus olhos reviravam-se. Os meus músculos estavam flácidos e pesados e nesta
altura o meu corpo tinha parado. Eu tinha evacuado completamente os meus
conteúdos corporais. Estava em dificuldades. Nesta altura, começou a juntar-se
uma multidão.
O primeiro a chegar a esta cena foi um camião dos bombeiros. O bombeiro
intubou-me na rua. Os paramédicos chegaram, fizeram todas as análises
necessárias para verificar se estavam envolvidas drogas e começaram a fazer
suporte básico de vida. Chamadas foram feitas para o hospital para notificá-los
da nossa chegada em breve. No entanto, demorou mais de quarenta minutos a
estabilizarem-me para o transporte, sem mencionar que me moveram para uma maca e
para o camião. No entretanto, o meu médico tinha telefonado para minha casa
muito preocupado pois eu ainda não tinha chegado ao hospital na cidade. Devido à
minha condição instável, os paramédicos iriam levar-me para o hospital mais
perto de minha casa, um hospital católico a apenas umas milhas de distância.
Encontrei muitos anjos naquela noite, alguns na forma humana que ficaram comigo
até a ajuda médica chegar. Ninguém os viu chegar nem para onde eles foram.
Ninguém viu as suas faces. Mas eles persuadiram-me a aguentar.
A minha viagem começa. Eu estava confortávelmente a flutuar através de um túnel
escuro, sem direcção específica uma vez que eu não tinha qualquer corpo como
referência e reparei que era de uma escuridão como eu nunca tinha visto antes.
Era cheio de amor e alegria e paz e nutria-me. Ondas chegaram até mim e
gentilmente guiavam-me. Eu estava repleta de amor que me rodeava e eu podia
retribuir o sentimento.
A dada altura, um ser veio até mim e levou-me numa viagem pelo universo. Tinha
instilado em mim, a criação e como as galáxias foram criadas. Foi-me possível
visitar lugares que estavam avançados para além da compreensão, e também vi
lugares que ainda estavam a começar! Foi-me dado tanto amor e compaixão que eu
podia compreender o que se estava a passar com o meu transportador humano.
Enquanto os paramédicos continuavam a trabalhar em mim e a prepararem-me para o
transporte, eu estava muito ocupada a brincar numa estrela e a conhecer o meu
Criador! Nunca me preocupou não haver corpos, e o medo não estava no meu
vocabulário. As coisas eram assimiladas instantaneamente, naquele mesmo instante
o conhecimento era completamente assumido. Estes seres não eram masculinos nem
femininos. Uma vez que não há modo de medir o tempo, não faço ideia por quanto
tempo isto decorreu. Foram-me mostradas e ditas coisas inimagináveis.
De cada vez que os seres estavam comigo, eu estava de volta ao túnel, a flutuar,
apenas para encontrar outros seres. A dada altura reparei num ponto brilhante de
luz. Flutuei em direcção a ele. De repente, um grande ser, de cor cinzenta,
bloqueou o meu caminho. Eu não conseguia passar por cima dele, à volta dele ou
através dele. Lembro-me de tentar e tentar sem sucesso. Finalmente pedi-lhe para
me deixar passar. Gentilmente disse que não. Pedi novamente. Novamente disse que
não. Sendo um pouco teimosa no plano da terra, ordenei-lhe para se afastar e
tentei empurrá-lo para o lado. Sem sorte. O Ser, a quem eu chamei Deus, disse-me
que eu tinha de voltar para completar a minha missão.
De volta à terra, os médicos e as enfermeiras estavam fervorosamente a trabalhar
em mim. Os meus sinais vitais eram perigosamente baixos, era desconhecido quanto
oxigénio eu tinha perdido e se haveria algum dano cerebral. Uma vez que as
minhas pupilas estavam fixas e eles não conseguiam obter qualquer resposta, o
médico foi até à sala onde os meus pais e a minha irmã estavam para lhes dizer
que não sabia quanto tempo mais eu iria aguentar, e que iria deixá-los sozinhos
para discutirem os pormenores do meu funeral.
Ao mesmo tempo, eu estava a completar a minha incrivel viagem, e o meu espirito
voltou ao meu corpo. Neste momento, eu saltei da marquesa e esmurrei uma
enfermeira – com tanta força que eles pensaram que eu lhe tinha partido o
maxilar ou feito uma concussão. Não consigo imaginar a minha força naquela
altura! Eles realmente pensaram que eu estava a tentar retirar o tubo da minha
garganta embora eu saiba que era o meu espirito a reentrar no meu corpo. De
acordo com os registos médicos isto ocorreu à 1:05 am.
Quando acordei, não fazia ideia onde estava, que dia era, que horas eram – nada.
A minha familia estava reunida à minha volta, juntamente com alguns amigos, o
meu patrão e os médicos e as enfermeiras. Na mesma altura em que eu acordei, eu
podia sentir o “conhecimento” que estava em mim a ficar dissimulado. Eu sabia
que estava lá, mas não conseguia aceder-lhe. Os membros da minha familia estavam
histéricos, no minimo. Tentei alcançá-los mas estava amarrada devido ao meu
comportamento “violento”. A minha irmã contou-me o que tinha ocorrido com o
facto de eu ter batido numa enfermeira e tudo o que eu conseguia fazer era rir.
Também nesta altura, não fazia ideia do quão pequena era – pensei que enchia o
quarto! Pensei que estava a flutuar!! “Falámos” com a linguagem gestual que me
foi dada e assegurei-lhes que eu estava bem. Pouco depois disto, uma enfermeira
entrou e perguntou-me coisas para verificar se havia danos cerebrais. Eu agarrei
numa caneta e num papel e escrevi as respostas às questões que ela tinha feito
antes – como o meu nome, morada, número de segurança social – raios, até escrevi
a password do meu computador do trabalho. O meu patrão achou que eu estava bem e
delicadamente pediu à enfermeira para me deixar sozinha pois eu estava bem. (O
meu patrão nessa altura era um cirurgião oncologista). Sem se deixar intimidar,
ela continuou a fazer perguntas, por isso comecei a escrever rimas infantis.
Então ela saiu.
Os médicos entravam e saíam do quarto para ver como eu estava, espantados por eu
estar viva, e muito mais por não ter danos cerebrais. Finalmente convenci a
minha familia a sair pois estava bem. A enfermeira que eu tinha esmurrado veio
ver-me com um saco de gelo no seu queixo. Ela foi muito jovial considerando o
que eu lhe tinha feito. Ela disse-me que este comportamento era normal quando
alguém retorna ao seu corpo. Nesta altura, eu comecei a questionar o que tinha
ocorrido.
Tive muitas visitas nesse final de tarde de parentes falecidos a dizerem-me que
eu iria ficar bem.
No decurso das semanas seguintes tornou-se claro para mim que eu estava cá numa
missão – mas qual era ela? Fui até à livararia e fiquei de frente para a secção
New Age e pedi para por favor, me mostrarem um livro que me iria ajudar a
perceber o que eu tinha passado. Imediatamente um livro saltou da prateleira e
caiu aos meus pés – um livro sobre EQM de Barbara Harris. Assim começou a minha
viagem.
A minha missão, descobri mais tarde, foi voltar e amar, ajudar as pessoas a não
temerem a morte. Foi-me dito “ainda não amaste o suficiente”. Isto chegou-me
através de orientação de um membro de um grupo de apoio maravilhoso de Seattle
FOI (Amigos de IANDS) que me aconselhou através do telefone. Ele disse-me para
perguntar ao universo qual era a minha missão – a minha resposta está descrita
acima. Pensei que era a coisa mais fixe! Desde essa altura não parei. Não é
fácil na maior parte dos dias carregar este milagre, desejando estar “em casa”.
Mas sei que estou aqui por uma razão, como todos estamos. E as dores da
humanidade podem por vezes ser insuportáveis. Há muito mais por contar!
Fez uso de medicamentos ou substâncias com potencial para afetar a experiência Não
Foi difícil expressar em palavras o tipo de experiência? Sim
Para mim, as palavras não expressam a profundidade dos sentimentos.
Havia alguma ocorrência de risco de vida associada na época da
experiência? Sim
Falha respiratória.
Em qual momento, durante a experiência, você estava em seu maior nível de
consciência e vigilância? Inconsciente.
A experiência assemelhou-se, de alguma forma, a um sonho?
Não de todo.
Vivenciou uma separação corpo-mente? Sim
Eu sabia que eu era amor total – forma espirito. Não me conseguia ligar a uma
forma física.
Ouviu sons ou ruídos incomuns?
Uma espécie de zumbido.
Entrou ou atravessou algum túnel ou compartimento fechado? Sim
Era preto aveludado e flutuei lentamente por ele. Mãos de cada lado do corpo iam
de lado a lado e este movimento movia-me.
Você viu uma luz? Sim
Um ponto de luz muito esbatido no final de um vasto túnel.
Encontrou ou viu outros seres? Não
Lembro-me de encontrar dois ou talvez três grupos. Não os conhecia de todo e
toda a comunicação foi introduzida. O primeiro grupo levou-me numa viagem pelo
universo – passado, presente e futuro. O segundo grupo deu-me conhecimento
universal. O terceiro ser era Deus que me enviou de volta.
Você reviu acontecimentos passados de sua vida? Não
Durante a sua experiência, observou ou ouviu qualquer coisa associada a pessoas
ou eventos que foi posteriormente verificada? Impreciso
Por vezes digo coisas que ainda não ocorreram – isto é até onde a escalada de
capacidades psiquicas chegou. Também, quando acordo, um tio que morreu há cerca
de vinte e cinco anos veio até mim numa visão. Mais tarde vi uma fotografia onde
ele estava do mesmo modo que me apareceu a mim (conduzindo uma moto com o seu
cabelo penteado como o James Dean e um maço de tabaco enrolado na manga da sua
t-shirt – ele disse-me “ainda não era o teu tempo miúda”). Eu não conheci este
tio mas sabia quem ele era e quando vi a foto e disse , “oh, este é o tio
Johnny” a minha tia ficou chocada por eu o reconhecer.
Viu ou visitou belos ou especiais lugares, níveis ou dimensões? Sim
Do que me lembro, e é muito selectivo, lembro-me de visitar o que eu pensei que
fosse Atlântida/Cidade de Cristal. Era incrivel. Lembro-me que tinha uma
tonalidade rosa e estar muito à nossa frente em termos de tecnologia. Lembro-me
de visitar lugares que estavam a surgir, e alguns deles estavam em diferentes
planos de evolução. Lembro-me de me ter sido “dito” que algumas coisas em que os
cientistas acreditam, como buracos negros e algumas leis da física não são
totalmente correctas.
Você sentiu uma alteração de espaço e tempo? Sim
Na realidade não tinha qualquer noção de tempo!
Teve a sensação de possuir um conhecimento especial, de ordem e/ou objetivo
universal? Sim Ver
partes das respostas acima. Quando acordei podia realmente sentir o conhecimento
a ser “drenado” de mim. Lembro-me de me pressionar na cama para manter aquele
sentimento mas ele desvaneceu-se. Lembro-me de coisas estranhas, como coisas
relacionadas com a meteorologia – o que são considerados padrões atmosféricos
estranhos é apenas o planeta a tentar “corrigir-se” a ele próprio. Lembro-me de
ter respostas a questões religiosas, e saber porque é que sempre me senti
desconfortável na escola católica.
Não que o que eu tenha aprendido esteja errado, apenas não está totalmente certo.
Lembro-me de me ter sido dito que as coisas ficariam bem, e que algumas coisas
tinham de acontecer. Lembro-me sempre que o que senti foi uma “conversa”
profunda acerca da livre escolha e aprender que todos nós temos escolhas e
coisas que acontecem, positivas e negativas, que resultam dessas escolhas e têm
que ser.
Por vezes o conhecimento universal, vem-me à cabeça à medida que as coisas
ocorrem no mundo. Por exemplo, lembro-me de ALGUNS dados físicos, e quando a
informação acerca de um buraco negro chegou aos jornais na semana passada,
lembro-me de dizer espontaneamente que era já altura de eles terem descoberto
aquilo. Claro que toda a gente olhou para mim como se eu fosse doida e eu apenas
encolhi os meus ombros e disse, “velhas noticias”.
Coisas deste tipo acontecem muito.
Alcançou um limite ou uma estrutura física limitante? Sim
O terceiro ser que encontrei era Deus e ele parou a minha movimentação em
direcção à luz. Ele disse-me que eu tinha de voltar para completar a minha
missão. Eu queria tanto continuar a ir, continuar morta. Ele não me deixava (de
facto, tivemos uma guerra de palavras!!) Lembro-me de lutar com Ele pelo que me
pareceram horas, indo tão longe como perguntar, “quem é que tu pensas que és
para não me deixares passar”.
Tomou conhecimento de eventos futuros? Sim
Não me lembrei desta parte ao acordar. Os flashes e os sentimentos/simbolismos,
por vezes “vêm até mim” horas, dias ou semanas antes dos acontecimentos.
Participou ou teve consciência de uma decisão de retornar ao corpo? Não
Passou a ter quaisquer dons psíquicos, para-normais ou outros especiais a seguir
à experiência que não tinha antes? Sim
Eles ficaram mais amplificados.
Suas atitudes e crenças foram alteradas após a experiência? Sim
Céus – muito.
Por exemplo, e eu irei encurtar as coisas, sei que Deus não é mau, que se senta
num trono com um grande livro e quando morremos verifica os nossos nomes e nos
manda para fila do céu ou do inferno. Sei que o “dia do julgamento” é a revisão
da nossa vida. Tornei-me uma pessoa mais suave, vou mais com a corrente (embora
nalguns dias não seja realmente fácil!). Podia continuar e continuar. Sou muito
mais tolerante com as diferenças que encontro nas pessoas. Sou também mais
selectiva. Tendo a sentir por vezes um propósito quando conheço pessoas de me
ligar a elas porque há uma lição. Se algo não está a funcionar parece que sou
capaz de o identificar e seguir em frente.
A minha vida diária é mais meditativa, mais reflectiva, com mais tempo a falar
com Deus, mais espiritual. Sinto-me mais ligada a todo o tipo de coisas. Lembro-me
de após a minha experiência de me sentar e ficar a olhar para as coisas como se
nunca as tivesse visto antes, e em reverência. Senti-me como se estivesse ligada
ao que eu costumava pensar serem objectos inanimados. Senti que tudo tinha algum
tipo de propósito da alma, desde uma pedra até uma árvore, um insecto, etc.
Maravilhava-me com o passar das nuvens, e aqui está uma coisa engraçada, até
como os pneus dos carros rodavam, na rua e moviam o carro para a frente. Tornei-me
muito mais ligada.
Procurei por algum tipo de organização religiosa com que me sentisse confortável
em fazer parte. Ainda não encontrei nenhuma. Tornei-me uma Mestre de Reiki que
mais tarde despertou a minha experiência em mim.
Levo as coisas mais facilmente no trabalho e sinto que onde quer que eu esteja é
onde sou necessária. Aprendi algumas lições muito fixes desta forma.
Você compartilhou esta experiência com outras pessoas? Sim
Normalmente se estou com alguém por alguma razão estranha ou imprevisivel (pelo
menos no plano físico) a conversa anda à volta da morte e de morrer, como é,
etc. Normalmente é nesta altura que eu sinto o impulso de partilhar o que quer
que seja necessário. Por vezes as pessoas ficam assustadas com isso, no entanto
a maior parte das vezes as pessoas estão tão sedentas de informação que querem
mais. Muitas sentem conforto em saber que há algo mais.
Que emoções vivenciou após a sua experiência?
De início, confusão, porque embora
eu tenha feito cursos em medicina holistica e fenómenos paranormais, eu nunca
tinha ouvido falar de uma EQM. Comecei a pesquisar por algo que descrevesse o
que me aconteceu.
O que foi o melhor e o pior em sua experiência?
Há muitos melhores. Entender que todos temos um propósito na vida e o que
fazemos com ele depende de nós. Entender que há realmente um Deus e seres
espirituais que estão connosco todo o tempo. Entender que há muito mais na vida
para além do físico.
A pior parte foi eles terem-me salvo. A pior parte foi não ter escolha e ter de
voltar.
Há algo mais que desejaria acrescentar referente à experiência?
Há muito mais para dizer no entanto vejo-me a mim mesma a repetir muito, à
procura de palavras que expressem os sentimentos.
A sua vida mudou especificamente por conta da sua experiência? Sim
Sou muito mais intencional, mais enraizada (bem, por vezes), perdoo mais, mais
espiritual, mais apreciativa, menos materialista (embora desistindo do desejo de
ter mais eu agora tenha mais do que alguma vez tive) – podia continuar durante
horas.
Após a experiência, surgiram outros eventos em sua vida ou fez uso de
medicamentos ou substâncias que reproduziram alguma parte de sua experiência? Não
Existem outras questões poderíamos pedir
para ajudá-lo a comunicar a
sua experiência? Sim Este
é um grande questionário e um grande exercicio para alguém que teve uma
experiência passar. Estou realmente muito agradecida que alguém me tenha dado a
conhecer isto – é como um mini-retiro!