EQM de Robert C
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Descrição da Experiência:
A primeira
O Inicio
Em Setembro de 1965, numa manhã brilhante e soalheira, a minha vida mudou
para sempre.
Robert C, o meu carro era um velho Ford de 1951 que o meu pai me tinha dado
no anterior pelo meu 16º aniversário, que estava numa loja de um tipo chamado
Joe Tolomei. Ele devia ao meu pai muito dinheiro por todos os pneus, pois ele
corria numa pista oval, por isso o meu pai fez um negócio com ele para arranjar
o meu carro. O motor era um motor de cabeça chata 8 e estava ótimo para qualquer
rapaz de 16 anos na altura, mas o pai tinha outras ideias.
O Joe tinha construido um motor para o seu carro de corrida de uma camião
Ford de 1953. Ele fez tudo o que pôde para arranjar mais força do motor
incluindo equlibrá-lo. Quando ele o levou para a pista, o júri d corrida disse
“NÃO!” Era muito para a pista e assim ele ficou preso a este monstro. Agora ele
necessitava de outro motor para o reconstruir e fazê-lo menos mortal.
O pai decidiu que era uma boa ideia colocar um motor que estava banido das
pistas no meu carro. Assim, fiquei sem carro num fim de semana realmente grande.
Tinha combinado um encontro com uma mulher mais velha, de 18 anos, a prima de
uma rapariga de quem eu andava atrás. Nós iamos ao drive-in e não iamos
desperdiçar tempo com o filme. Ela já me tinha mostrado muito da sua pele e
tinha-me beijado como se me fosse devorar.
Implorei ao meu pai para usar o outro carro, o Impala de 1959 do meu irmão.
Ele tinha-o deixado com o meu pai para ele o guardar, mas quando chegou a França
ele disse que eu podia ficar com ele. Ele comprou um Mercedes Gull Wing de 1956
quando chegou a Nancy e se instalou na base aérea. Mais tarde ele mudou-se para
Paris e o carro foi esmagado por um camião que tombou quando fazia a grande
rotunda perto da embaixada. Outra razão pela qual eu me recusei sempre a
conduzir em Paris!
O pai perguntou à minha mãe se ela se importava e ela disse que não desde
que eu a deixasse Sábado de manhã com a minha irmã que morava no outro lado da
cidade em Sodaville.
Levantei-me muito cedo no Sábado de manhã e telefonei à Kathy para saber se
ela queria passar todo o dia comigo e irmos até à costa e depois ao drive-in.
Ela pareceu-me excitada e marcámos uma hora. Eu estava à espera no carro pela
minha mãe pelo que pareceu ser uma hora até que finalmente ela sair e instalar-se.
Enquanto conduziamos pela ponte em direcção à cidade, ela observou o quão
bonito era o rio e disse-me para tomarmos a estrada ao longo do lado este da
cidade ao longo do rio.
Quando estávamos perto de virar para River Road uma coisa muito estranha
aconteceu.
Deixem-me voltar um pouco atrás no tempo. Quando eu tinha cerca de três anos,
o meu pai e a minha mãe puseram-me no velho Chevy, penso que um Sedan de 1947, e
descemos o monte em direcção à cidade. O cavalo do Mastenbrook tinha passado
pelo portão, ao fundo do monte, e quando o meu pai lhe acertou, ele entrou pelo
vidro da frente entre os meus pais e embateu em mim, de cabeça. Não tenho
memória real disso, mas sei que não fiquei ferido. Contudo, após isso ter
acontecido comecei a fazer coisas estranhas que chateavam muito o meu pai. Como
daquela vez que estávamos a meio caminho da cidade no Ford de ’51 e eu voltei-me
no assento e comecei a gritar que o celeiro estava a arder. Estávamos tão longe
da casa que não havia qualquer forma de eu ter visto as chamas ou mesmo um
vislumbre delas, mas eu não descansei.
O meu pai gritava para eu me calar e finalmente deu-me uma bofetada.
Aquilo não resultou, assim ele virou o carro furiosamente para trás e conduziu
para casa, pensando que o jantar tinha sido arruinado pelos gritos de um fedelho.
Assim que entrámos no caminho de casa, uma pequena chama mostrou-se por baixo do
celeiro.
O meu pai tinha estado a secar milho numa velha banheira de estanho por cima
de outra com uma camada de brasas de carvão. Estavam em cima de tijolos, mas uma
uma brasa tinha caido através de um buraco de ferrugem na banheira para cima das
palhas. O fogo estava a ganhar terreno quando chegámos a casa e o meu pai
facilmente o apagou com a mangueira.
Ele não falou comigo após isto durante muito tempo, apenas me observava.
Uns poucos eventos como este incluindo fugir da pequena sala de aula no sopé
do monte a meio de uma aula, mesmo a tempo de descobrir que a minha mãe tinha
caido através da janela da porta de trás, quando estava em cima de um escadote a
limpar os algerozes. Ela teve cortes graves no braço e eu parei o sangramento e
chamei os vizinhos para virem ajudar. Isso também foi recompensado com um
silêncio que contrariava os louvores exagerados da minha mãe.
De volta a 1965
De volta a 1965. Quando virámos para River Road, tive um sentimento
arrebatador de que algo estava errado. Parei o carro e coloquei o cinto de
segurança. Nunca tinha usado um, o meu velho Ford não os tinha, e fui tão
peremptório que a minha mãe também pôs o dela. Ela recusou dizer que lhe magoava
a hérnia e que estaria bem. Relaxei e tivemos uma viagem agradável ao longo do
Rio Santiam com a minha mãe a comentar acerca dos locais e eu a pensar em ter
sexo.
Quando virámos e saimos da zona do rio em direcção à auto-estrada 20 junto a
Weirich Drive, ela sugeriu que tomássemos um atalho, Weirich Cut Off para
Sodaville Road. Esta era uma estrada de gravilha mais curta e naquela altura
estava repleta de arbustos, assim conduzia através de densa vegetação em ambos
os lados, alguns inclinavam-se para a estrada. No final da estrada estava uma
passagem de nível aberta, uma daquelas que temos de conduzir por cima dos carris.
O sinal de trânsito era tão velho que tinha caído e o “X” estava quase para cima
e para baixo. O sol estava sobre o meu ombro e os arbustos brilhavam. A moita
não tinha sido cortada nesse ano e os trilhos estavam subidos o suficiente para
que tivessemos de abrandar para os atravessar. Isto está agora alterado pois
eles baixaram os carris e retiraram a maior parte dos arbustos à volta dos
trilhos.
À medida que abrandava para ver, não conseguia ver os carris à esquerda.
Segui em frente e ouvi um ruido surdo.
EQM
Eu estava a voar através de um tubo azul rodopiante, tão rápido.
À medida que eu vinha para “cima” para o exterior, eu estava no limite de
uma área enorme, à falta de palavras melhores, almas
até onde a minha vista alcançava, algumas perto, algumas distantes para
sempre, mas havia um sentido profundo de perfeição, calma, e maravilha. Era como
estar com pessoas que já tinham vivido ou iriam viver, tudo ao mesmo tempo. Eu
podia sentir pessoas diferentes. Senti alegria e amor arrebatadores.
O facto de que lá não há lá, nenhuma visão, nenhum som, nada a que nos
possamos relacionar, é o melhor que posso fazer para colocar tudo isto em
palavras que façam algum sentido.
Quando cheguei ao limite fui recebido e envolvido por tal sentimento
poderoso de alegria, bem, e bem-estar que comecei a esquecer-me de tudo o que
havia antes. Podia lembrar-me de tudo o que me tinha acontecido, ver as faces de
todos os que eu tinha conhecido, e tudo isto era de uma vez e eternamente ao
mesmo tempo, bem, usei a palavra tempo porque é o que sabemos, mas lá não há
tempo.
Foi-me dada uma escolha muito directa de ficar ou voltar mas fui encorajado
a voltar.
A unica forma de descrever o que aconteceu a seguir é imaginarem estarem
entraçados com fios de água a fluir com outras almas, totais, e voltando a este
mundo a um ponto acima do carro. Podia ver o mundo inteiro, depois o horizonte,
e depois a cena debaixo de mim.
Havia um comboio com o nosso carro preso na sua frente, uma multidão de
pessoas frenéticas, uma ambulância a chegar, camiões dos bombeiros, carros e
camiões parados em ambos os lados da estrada. Vi isto por um longo periodo de
tempo, então o fio continuava para baixo em direcção ao carro e eu estava de
volta dentro do meu corpo.
Abri os meus olhos para o branco brilhante. O meu braço diretio estava livre
por isso levantei-o e trouxe-o até aos mesu olhos apenas para descobrir um pano
a cobrir-me. Tirei-o e ouvi pessoas a gritarem. Olhei e vi uma mulher que
segurava a cabeça desmaiada da minha mãe.
Havia uma agitação de pânico e excitação e um dos tipos começou a falar
comigo. Eu foquei-me no que se estava a passar e apercebi-me que havia um
comboio no meu colo. As minhas pernas estavam um pouco dobradas para trás pelo
joelho, o acoplador estava em cima do meu colo e a articulação estava à minha
direita. O cinto de segurança tinha-me puxado para baixo com a estrutura do
carro e segurou-me enquanto o acoplador entrou pela porta, ou na realidade, por
cima da porta.
Não senti dor, apenas muita pressão, mas a minha mão direita tinha um pedaço
de vidro entre o polegar e os dedos e eu estava a observá-lo a começar a sangrar.
O sangue estava a bombear novamente no meu braço e as coisas agora estavam
novamente a trabalhar, por isso o sangue estava mesmo a sair.
Envolveram a minha mão ainda com o pedaço de vidro espetado, acho que para
impedir que sangrasse ainda mais.
O médico perguntou-me se eu o conseguia entender. Eu disse-lhe, !Sim, tira o
raio deste comboio de cima de mim!”
Perguntei acerca da minha mãe e eles disseram, que quando a tiraram do carro
para a ambulância, que ela tinha feito pelo menos 7 viagens entre o banco da
frente e o banco de trás, como uma boneca de trapos.
Os pneus estavam no seu lugar e nenhum deles tinha perdido ar por isso tinha
sido uma viagem muito atribulada, de 150m de lado ao longo dos carris. Para
colocar isto em perspectiva, pensem num campo e meio de futebol.
O lençol tinha sido colocado sobre mim por um dos tipos da ambulância. Ele
não encontrou pulso, respiração (ele disse que tinha usado um espelho de mão
para ver se havia qualquer respiração) e a minha mão não sangrava. Estavam todos
convencidos que eu tinha ido de vez, por isso quando tirei o lençol após tanto
tempo foi um verdadeiro choque!
É dificil de entender quanto tempo eu estive fora mas o comboio bateu-nos,
viajámos 150m, os carros pararam, a ambulância foi chamada e eles tinham estado
lá o tempo suficiente para quase terem acabado de tirar a minha mãe do carro
quando eu voltei. O hospital fica a 6km do local do acidente, por isso eles
devem ter demorado cerca de 5 a 6 minutos a lá chegar.
A razão pela qual é tão dificil de colocar uma linha de tempo neste
acontecimento é porque lá não há tempo. Parecia que tinha estado lá uma vida
inteira. Havia tanto para aprender. Eu digo às pessoas que é como uma pessoa
viver numa floresta profunda que nunca tenha visto ninguém excepto os seus
amigos e familia, nunca tenha visto um avião no ar. De repente um helicóptero
lança uma rede sobre ela e leva-a à velocidade da luz para Times Square à
meia-noite, deixa-a lá por uns minutos, depois traz a pessoa de volta, deixa-a
no meio da sua aldeia e todos seus amigos acorrem e perguntam, “Como é que é?”
Saindo
Foi-me dito para me manter calmo e
quieto. Não conseguiam ver o meu lado esquerdo mas havia sangue visivel, e a
minha cabeça tinha um pequeno corte por cima da sobrancelha esquerda que estava
a sangrar muito. O carro tinha sido atestado no dia anterior por isso havia
gasolina por todo o lado. Eles não conseguiam descobrir como tirar o comboio de
cima de mim. Não podiam usar maçaricos por causa da gasolina. Deixaram o ar sair
dos pneus pensando que iria baixar o carro. Sem sorte. Finalmente disse-lhes
para irem buscar as correntes de amarração do camião de transporte de troncos da
Rose, porque o atrelado estava vazio e amarrando as correntes aos carris,
fazendo marcha atrás com o comboio.
Um dos tipos disse, “E as tuas pernas?”
“Que diabo? Estás com medo de me magoar? Cristo!”
Assim eles foram buscar as correntes do camião, enrolaram-nas à volta dos
suportes dos carris, engacahram-nas na estrutura do carro e o maquinista começou
a fazer marcha atrás com o comboio. Houve um som horrivel de aço a raspar com
aço à medida que o acoplador deslizou sobre o meu colo. As minhas pernas
dobraram-se ainda mais para trás e eu podia sentir tudo a puxar da minha cintura
para baixo. A dor era intensa e eu vi pontos brancos. De repente a porta saltou
para cima e para longe de mim, as minhas pernas saltaram um pouco, e o meu braço
estava livre. Eu estava muito rasgado desde o meu ombro até abaixo do meu
cotovelo, mas era todo o dano que eu conseguia ver. Eles puseram-me numa maca e
examinaram-me, apertando aqui e ali para aceder a qualquer ferimento interno. Na
ambulância passei grande parte do tempo a flutuar para dentro e para fora e a
observar de cima enquanto passávamos através da cidade. Lembro-me de pensar o
quão bonito estava o dia.
Um policia foi até á nossa loja de pneus antes de saber que eu ainda estava
vivo e perguntou ao meu pai se ele conhecia um John William Canaga. O meu pai
disse que era o seu filho e viva em LA. O policia disse-lhe que o carro estava
na auto-estrada 20 e o rapaz que estava no carro estava morto. O nome do meu pai
é John William Canaga mas todos lhe chamavam Bill, daí Bill Canaga Tire Company.
Isto foi um tempo depois de me terem tirado do carro.
Ele foi para o hospital para onde lhe foi dito que a mulher estaria.
Quando ele chegou lá ele correu para a sala de emergência e passou por mim.
Ele correu para a minha mãe, que estava em coma e a ser tratada a todos os seus
ferimentos, incluindo costelas partidas, uma contusão, rótulas fracturadas, e
muitos cortes e arranhões.
Enquanto o meu pai estava lá em choque, eu falei e perguntei como estava a
mãe. Ele quase caiu.
Ele correu e agarrou-me enquanto eu lhe pedia desculpa por ter destruido o
carro e magoado a mãe. Ele estava tão confuso e excitado que não pôde dizer mais
do que “para o inferno com o carro” e “ a Ruth ficará bem!”
Morto no Rádio
Durante todo o dia a KGAL tinha dito a toda a gente que eu tinha morrido num
acidente com um comboio. Isto era realmente aborrecido e era a estação que eu
estava a ouvir na cama do hospital. Uma enfermeira ligou aos meus amigos Larry,
Kathy e Carrol e à minha irmã, para que eles soubessem que eu ainda estava vivo.
Assim um dia inteiro estar morto na rádio foi uma coisa realmente estranha.
O meu pai até tentou telefonar para lá e dizer que eu ainda estava vivo mas eles
pensaram que era uma partida e desligaram-lhe o telefone. Finalmente, mais tarde
nessa noite, cerca das 11:00 após ter bebido alguns copos, o meu pai conduziu
até ao estúdio e impediu-os de tocar mais discos pedidos em minha memória,
disse-lhes que eu estava no hospital e que sim, eles podiam telefonar-me de
manhã.
Eles telefonaram mas quem é que houve rádio ao domingo de manhã?
Assim, após ter ouvido na rádio, por um dia inteiro, que eu estava morto e
de me terem dito que eu não iria poder andar por várias semanas, eu comecei a
chamar pelas enfermeiras. Eu tinha mesmo de ir à casa de banho, e ninguém me
vinha ajudar. Saí da cama e caí no chão, arrastei-me e caí uma e outra vez, mas
cheguei à casa de banho. Quando tinha acabado não tinha vontade nenhuma de me
deitar, por isso segurei-me ao corrimão que vai ao longo da parede, puxei-me ao
longo da parede até à porta, passei pela porta até ao corredor. Mantive as
minhas pernas por baixo de mim e caminhava levantando as ancas e deixando as
minhas pernas cairem à frente. Isto funcionou tão bem que eu consegui ir até ao
fim do corredor e voltar de novo para o meu quarto.
Por esta altura, uma hora mais tarde, fui capaz de me equilibrar sem o
corrimão desde que não deixasse os meus joelhos dobrarem-se para a frente.
Deve ter parecido muito engraçado.
Levantei-me cerca de seis vezes mais nessa noite, e andei, por isso de manhã
quando o médico veio saí da cama e disse-lhe para ele me dizer então que eu não
conseguia andar.
Eu ainda estava a tomar muitos medicamentos para a dor, mas estava com muito
melhor humor. A minha mãe estava do outro lado do corredor e eu ia lá muitas
vezes para a ver.
O Larry apareceu com uns livros que eu lhe tinha pedido e eu deitei-me na
cama como se estivesse morto, respirando com breves respirações e gemendo. Ele
estava lá há apenas um minuto e já se ia embora. Eu sentei-me e disse, “Hey!
Onde é que vais?” Ele quase que me batia.
Tenho de admitir que me vali do estado em que me encontrava e tive algum
sexo rápido e quente com ambas as raparigas (primas) que me vieram visitar. Na
segunda-feira de manhã, alguns advogados da Southern Pacific vieram e falaram
com o meu pai para fazer um acordo e ficarmos com $250,000 em vez de os
processarmos. Era muito dinheiro na altura e o meu pai precisava desse dinheiro
para a loja de pneus por isso eu assinei um papel a concordar. Mais tarde soube
que o maquinista tinha tido um ataque cardíaco nos carris, o comboio ia a cerca
de 70km/h (eles disseram a toda a gente que ia a 50km/h) e não tinha apitado
antes da passagem de nível. Eles estavam a transportar madeira de uma fábrica e
iam carregados. Por isso demorou tanto tempo a parar.
Na terça-feira eu estava de volta à escola, com muletas. À medida que as
pessoas me viam ou gritavam, ou desmaiavam, ou apenas ficavam espantadas a olhar.
A minha primeira aula era de Biologia com o Paul Brown. Sentei-me no lugar
habitual e quando ele fez a chamada saltou o meu nome. Esperei por mais alguns
nomes e depois disse, ”Hey! Esqueceu-se de mim!” Juro que metade da turma caiu
das suas cadeiras tal como o Brown. Tudo o que falámos durante o resto do dia em
qualquer aula foi dos destroços, quem tinha visto, porque tinham dito que eu
estava morto, porque é que eu não estava morto, e como era estar morto.
Alguns dias depois deixei as muletas e comecei a perceber que não era a
mesma pessoa que tinha saido naquele Sábado de manhã.
Sem pensar muito acerca disso nem me aperceber que isto não era normal, eu
comecei a ver, ouvir, cheirar, e sentir TUDO à minha volta. Eu podia ouvir o que
as pessoas diziam do outro lado da sala ao mesmo tempo que observava outra coisa
diferente. Era como estar nas lentes de 360 graus que eu tinha estado durante a
minha volta ao carro. Era um pouco arrebatador e levou um longo tempo para eu me
habituar a isso. Então, quando eu consegui assumi que toda a gente fazia a mesma
coisa. Até este dia continuo maravilhado com o pouco que as pessoas vêm e ouvem
do que as rodeia. Este é um talento que eu usei bem ao longo dos anos no
exército e quase todos os dias.
A outra coisa estranha são as minhas mãos. Elas aquecem tanto que quase
brilham. Posso colocar as minhas mãos a cerca de 40cm de alguém que elas
conseguem sentir o calor. Tenho trabalhado com pessoas que têm problemas de
articulações, e outros problemas de saúde. Elas dizem que as ajuda mas eu não
faço ideia do quê e porquê está lá.
As duas seguintes
8 de Agosto de 1994
Após três anos de testes médicos, testando um medicamento que reduzia a
produção de ácido no estômago, muitas endoscopias ( e outras coisas acabadas em
oscopias) e a certeza do meu médico que seria uma fácil e rápida cirurgia, uma
Nissen Fundoplication, eu fui até ao hospital dos veteranos em Portland, Oregon.
Após a preparação e uma breve reunião com o cirurgião responsável, fui
anestesiado.
Olá de novo
Eu estava de volta onde tinha estado muitos anos antes, rodeado de luz e
calor, e o sentimento de familiaridade daqueles que me tinham sido próximos no
passado. Novamente eu era banhado pelo sentimento de perfeição. De repente fui
puxado para o quarto e eu podia ver as pessoas em pânico e sentir o seu pavor.
Observei quando eles trabalhavam em mim e usavam o desfibrilhador para me
reanimarem. Então acordei na sala de recobro. Eu ainda tentava organizar o que
me tinha acontecido quando uma das enfermeiras e o médico vieram e disseram-me,
“Bem, três horas numa cirurgia de duas horas, as coisas correram mal.” Os
músculos do meu torax tiveram um espasmo e o CO2(?) com que eles me infalram foi
expelido através dos meus pulmões. O meu coração parou, os meus pulmões foram “pipocados”
o que quer que signifique isto, e eu fui. Eles reanimaram-me e reinflaram-me,
acabaram o procedimento, coseram os pequenos buracos laparoscópicos e tudo
estava bem.
Sentaram-me e deram-me uma pequena almofada para eu manter junto ao estômago
e disseram-me para respirar cuidadosamente e devagar durante algumas horas.
Então sairam e outra enfermeira veio e ligou-me a uma série de monitores. A
minha namorada veio e sentou-se comigo, agarrando a minha mão e eu adormeci.
Acordei com algumas dificuldades respiratórias, como se tivesse acabado de fazer
um sprint. “Estranho” pensei eu, à medida que tentava inspirar mas apenas
conseguia inspirar pequenas quantidades de ar. Pedi à Maria para chamar a
enfermeira e disse-lhe que tinha a certeza que algo estava errado. Ela assegurou-me
que era normal eu sentir-me daquela maneira e não me preocupar.
Fora do Corpo
Cerca de uma hora mais tarde (cerca de 6 horas após terem terminado a
cirurgia), eu comecei a sentir pânico. Não conseguia respirar a não ser em
pequenas quantidades. Sentia como se me estivesse a afogar! Continuei a tentar
que alguém prestasse atenção ao que se estava a passar, mas eles simplesmente
não respondiam. Sentei-me lá e num momento que eu nunca esquecerei, eu gritei,
pus-me em pé e ouvi o monitor passar de um pulsar a um tom contínuo. Tinha uma
linha contínua. Estava agora fora do meu corpo mole e morto. Flutuei para cima e
vi maravilhado enquanto eles corriam para dentro do quarto, atiraram-me para uma
maca e correram comigo pelo corridor até ao elevador, depois para outro corredor
e para uma sala onde me atiraram para cima de uma cama à minha frente, pegaram
em enormes agulhas e espetaram-nas nas minhas costas e na minha cavidade
pulmonar e drenaram o fluido. Ainda hoje consigo ver estas duas pessoas a
trabalharem em conjunto retirando o liquido cinzento e espesso.
Então eles ligaram-me e começaram a estimular-me. O único médico com cabelo
escuro e um sotaque saltou para cima de mim e colocou um bisturi na minha pele
mesmo por baixo do meu mamilo esquerdo e cortou ao longo da costela. Eu acordei.
Eles disseram que se podia ouvir os gritos dois andares abaixo.
Eles inseriram um separador de costelas e depois introduziram um tubo.
Depois repetiram o procedimento no meu lado esquerdo por baixo do meu braço,
DUAS VEZES. Tinham falhado a primeira vez e tiveram de fazê-lo novamente. Se
pegarem agora no vosso dedo e encontrarem o local mais sensivel, cerca de meio
caminho entre a axila e onde o cotovelo toca o vosso lado e pressionarem-no
encontrarão o lugar onde me abriram e introduziram outro tubo. Três tubos no
total. Esta foi a experiência mais desagradável e uma que eu não recomendo.
Nunca.
Passei muitas semanas de barriga para cima com a máquina glopitta-glopitta
ligada a mim como um polvo esfomeado. Fiquei mais fraco e perdi mais peso até
ter cerca de 75Kg. Estava a ser comido desde dentro. Quando fui esvaziado, as
ferramenats laparoscópicas que estavam dentro de mim cortaram um pouco do
intestino e perfuraram a pleura, introduzindo uma infecção e-coli na minha
cavidade pulmonar, onde a bactéria e os seus descendentes se instalaram e
estavam muito felizes, quentes e bem alimentados.
3:00 pm
Finalmente uma tarde, uma nova cara apareceu à porta e apresentou-se como o
chefe de cirurgia torácica do hospital San Francisco General. Ele informou-me
que eu precisava de fazer uma ressonância magnética para ele poder ver quão más
as coisas estavam “lá dentro” e bateu no meio peito.
A minha médica jovem, que tinha aparecido uns dias antes, disse à enfermeira
para retirar uma amostra de sangue e para me introduzir outro IV.
4:00 pm
Após um valente esforço e cerca de dez tenattivas depois ela desistiu e foi
afastada. A minha médica veio e foi pouco simpática para a pobre enfermeira. Ela
pegou no meu braço esquerdo e introduziu a agulha directamente na veia. Pura
arte. Ela encontrou então o pequeno e único vaso que restava na minha mão
direita e inseriu o IV.
Ela pegou na minha maca e conduziu-a pelo corredor, pelo elevador para baixo,
para outro corredor, até à sala de ressonância magnética, onde a equipa já tinha
colocado os seus coletes e sairam pela porta. Ela ordenou então que eles me
colocassem a postos e a resmungar eles fizeram-no.
5:00 pm
Os médicos foram para a sala ao lado da sala de ressonância magnética e ele
sentou-se na maca enquanto ela pegou na minha mão. “Vais morrer se não fizeres
esta cirurgia agora mesmo”.
Sorri e disse-lhes que era demasiado tarde.
Eles disseram que eu tinha cerca de 30% de hipóteses de viver se eles
operassem dentro das próximas horas e trouxeram-me um telefone. “Telefona à tua
familia e amigos e despede-te deles.”
Adeus, talvez
Aquelas chamadas telefónicas foram as melhores e as piores que eu jamais fiz.
Choro enquanto escrevo isto pensando no amor puro que eu senti por aqueles que
tinham estado lá comigo e que agora me estavam a ouvir a dizer até breve.
Quando eles me sedaram eu senti o mais fantástico sentimento de paz. Abri os
meus olhos para a cara sorridente do
médico. Ele deu-me palmadinhas na mão e felicitou-me por ter sobrevivido. “Deves
estar aqui por qualquer outro propósito. Deves ter trabalho para fazer”.
Eles tinham afastado as minhas costelas de ambos os lados e moveram os meus
pulmões à volta do meu peito e tiraram todo o lixo que conseguiram.
Acho que deve ter sido uma cirurgia muito dificil pois continuavam a vir
e dizer-me o quão fantástico era eu ainda estar vivo.
Deixei o hospital poucas semanas mais tarde pesando cerca de 73Kg. Quando
dei entrada no hospital pesava cerca de 100Kg. Não é um plano de perda de peso
que eu recomende.
Havia alguma ocorrência de risco de vida associada na época da
experiência? Sim Atingido por um comboio.
Foi difícil expressar em palavras o tipo de experiência? Sim
Em qual momento, durante a experiência, você estava em seu maior nível de
consciência e vigilância? Mais consciente e alerta do que o
normal. Naquele momento eu tive de
escolher se ficava ou voltava. Consciência total de tudo.
Por favor compare o seu sentido de visão durante a experiência com o
sentido de visão quotidiano que tinha imediatamente antes da experiência. Aumentado
Por favor compare o seu sentido de audição durante a experiência com o
sentido de audição quotidiano que tinha imediatamente antes da experiência. Aumentado
Viu ou escutou algum evento terreno qte estivesse a aconbtecer no mesmo
momento em que a sua consciência/conhecimento estava separado do seu corpo
fisico/terrreno? Sim Descrito
acima, mas eu pairei por cima dos destroços e observei todas as pessoas. Na
segunda e na terceira também saí do meu corpo.
Que emoções sentiu durante a experiência?
Alegria nas duas primeiras, aborrecimento na última.
Entrou ou atravessou um túnel? Luz
azul, muito brilhante e quente.
Viu uma luz sobrenatural? Sim A luz permeava tudo.
Viu ou encontrou algum ser mistico ou presença? Ou ouviu alguma voz não
identificável? Encontrei-me com um ser definido, ou uma voz de origem claramente mistica
ou sobrenatural. Dificil de
descrever em palavras.
Encontrou-se ou estava consciente de algum ser falecido (ou vivo)?
Incerto.
Podia ser a minha tia, mas é dificil de dizer.
Estava consciente de eventos passados na sua vida durante a experiência? Sim Vi tudo o que me
tinha acontecido e tudo de uma só vez. Lá não há tempo.
Parece-lhe que entrou num outro mundo sobrenatural? Um reino claramente mistico ou sobrenatural.
No limite de outra dimensão olhando para
dentro.
Pareceu-lhe que o tempo se acelerava ou abrandava? Parecia que tudo se
passava ao mesmo tempo; o tempo parou ou perdeu todo o sentido.
Ver texto.
Pareceu-lhe que entendia tudo repentinamente?
Tudo sobre o universo. Eu descrevo-o
como sendo um copo cheio de água subitamente expandido até ao fim do universo
enchendo-se com mais água, e depois encolhendo novamente para o seu tamanho
normal, mas com água REALMENTE diferente.
Alcançou uma fronteira ou estrutura fisica limitante? Sim No limite de outra dimensão
olhando para dentro.
Chegaram até si imagens do futuro?
Imagens básicas, não especificas.
Teva a sensação de ter algum conhecimento especial ou propósito (*** somente
da experiência)? Sim Que todos somos um, que
existimos em ambas as dimensões durante todo o tempo e que podemos controlar o
nosso destino.
Por favor, descreva qualquer mudança que possa ter ocorrido na sua vida após
a sua experiência:
Teve alguma mudança nos seus valores e crenças após a sua experiência e
que tenham ocorrido como resultado da experiência?
Sim Sentimentos muito diferentes
acerca da vida.
Teve algum dom fisico, fora do comum ou especial após a sua experiência
que não tinha antes da experiência?
Sim Mãos curadoras, capacidade de
ler as pessoas muito bem, mais esparto.
Você compartilhou esta experiência com outras pessoas? Sim no dia seguinte.
Tinha algum conhecimento de experiencias quase-morte (EQM) antes da sua
experiência? Não
Que pensou acerca da realidade da sua experiência pouco depois (dias a
semanas) após a mesma ter acontecido?
A experiência foi definitivamente real
Vi o comboio, as pessoas e o camião com troncos de árvore onde as
correias de prender estavam. Eu disse-lhes para amarrem o carro aos carris.
Que pensa actualmente acerca da realidade da sua experiência?
A experiência foi definitivamente real.
As suas relações mudaram especificamente como resultado da sua experiência?
Sim Ver a história
Mudou a prática das suas crenças religiosas/espirituais como resultado da
sua experiência?
Sim Ver a história
Em qualquer momento da sua vida, houve algo que alguma vez que alguma vez
o tenha feito reproduzir alguma parte da sua experiência? Sim Ver a história
As perguntas formuladas e a informação dada por si descrevem com precisão
e exaustivamente a sua experiência? Sim